sábado, 24 de novembro de 2007

Plebscito da Reestatização da Vale Do Rio Doce - Resultado Nacional

Pedro Carrano,
de Curitiba (PR)


Mesmo em um cenário político desfavorável, o plebiscito popular da campanha A Vale é Nossa alcançou um total de 3,7 milhões de votos. Pelo menos 24075 urnas – artesanais ou não – foram organizadas em 3157 cidades brasileiras. Os números foram divulgados pelas organizações sociais nesta segunda-feira (dia 8).

Há alguns anos, não se via uma consulta à população de caráter massivo, organizada a partir da mobilização de militantes sociais das mais distintas forças políticas. Em torno da campanha, estão articuladas organizações como a CUT, a UNE, o MST, a Intersindical e a Conlutas.

Dos participantes, 94,5% disseram “não” a uma Vale do Rio Doce (CVRD) nas mãos do capital privado. Para isso, o governo Lula e o Poder Judiciário precisam reconhecer as ações populares que colocam em xeque a privatização da companhia, realizada em 1997.

Do total de votantes, 2.492.360 milhões também opinaram nas outras 3 questões do plebiscito. E, nelas, mais de 92% manifestaram que o governo federal não deve seguir pagando a dívida pública em lugar de educação, saúde, etc; disseram que os preços da energia elétrica não devem continuar até 8 vezes mais caros para o trabalhador comum em relação a grandes empresas; e, por fim, rejeitaram uma reforma da previdência em andamento que retira direito dos trabalhadores.

O silêncio dos meios de comunicação não abafou a possibilidade de conscientização a partir do trabalho pedagógico do plebiscito. O plebiscito reuniu 101.452 voluntários em todos os estados do país. O estado com maior número de votação foi São Paulo, com 947.648 participações. Bahia, Minas Gerais, Pará, Santa Catarina, quatro estados com atividades da mineradora, além do Rio Grande do Sul, conseguiram mais de 200 mil votos. Paraná, Rio de Janeiro, Ceará e Mato Grosso ultrapassaram os 100 mil votos. O silêncio dos meios de comunicação não abafou a possibilidade de conscientização a partir do trabalho pedagógico do plebiscito.


Ações populares

Os resultados do plebiscito chegam em um momento importante. No dia 10, está previsto que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgue um pedido de reclamação da CVRD que busca extinguir as ações populares que pedem a nulidade da privatização. Com o resultado deste trabalho, as organizações dispõem de mais elementos para pressionar o poder público. Gibran Lachowski, da Assembléia Popula do Mato Grosso, avalia que o plebiscito contribuiu para a superação das lutas corporativas. “Colocou em pauta um assunto conjunto, unitário, que forçou as entidades a conhecerem-se, cederem em alguns aspectos para conseguirem dialogar. Criou um clima de contato diário, de parceria materializada num objetivo visível e que transcendeu as lutas corporativas”, analisa.

Na avaliação de Ricardo Gebrim, da direção nacional do Movimento Consulta Popular, outro aspecto que merece destaque é que as forças populares tiveram sucesso em pautar o tema do plebiscito na sociedade. A iniciativa foi criada a partir da base, seguindo o tempo e o cronograma das organizações sociais. Algo distinto, por exemplo, do momento mais importante das organizações de esquerda neste ano, as mobilizações de 23 de maio, que foi uma forma de resistência contra a agenda imposta pelas elites. “O plebiscito, por sua vez, rompeu a pauta da agenda dominante”, avalia.

Gebrim entende que a construção do plebiscito coincide com a construção de uma plataforma popular. “É fundamental que as forças populares construam uma frente ampla, não se pautando em apoiar ou não o governo, o que responde à lógica eleitoral, mas que estejam pautadas na criação de um projeto popular”, opina.

O resultado numérico do plebiscito da Vale, no entanto, foi inferior ao das duas experiências anteriores; o da Alca (2002) atingiu 10.150 milhões de votos; e o da dívida externa (2000), 6 milhões. Na avaliação de Gebrim, o momento atual traz mudanças no estado de ânimo das pessoas; as forças populares estão dispersas, ou decepcionadas com o atual momento político. “No último plebiscito havia uma esperança e uma confiança maior de que as coisas iriam mudar. Hoje, há amargor e decepção”, ressalta. Outro caráter decisivo, na avaliação dele, foi o crescimento de setores conservadores da igreja, uma instituição que realiza o trabalho de base a partir do tema do plebiscito.

Fonte: Brasil De Fato.

Veremos agora os verdadeiros resultados do que é a vontade do povo, será capaz de fazer.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Chavez e o rei da Espanha

Cláudia Jardim

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse que o rei da Espanha, Juan Carlos, "teve sorte" de não ter sido ouvido pelo mandatário venezuelano quando disse a ele que calasse a boca durante a Cúpula Ibero-americana, no Chile, no último fim de semana.

"O rei teve sorte porque eu não o escutei. Eu poderia ter sido muito duro na resposta", disse Chávez. "Eu não quero conflito com o rei", afirmou o venezuelano. "Alguns dizem que desrespeitei o rei. Eu nem ouvi o rei. Só vi depois o que ele tinha dito."

Chávez disse ainda que considerou que o "pedido" do rei espanhol foi endereçado não apenas a ele. "Acredito que nós estivemos muito tempo calados", afirmou. "Há 500 anos, aqui nestas terras, se levantou um grito de rebeldia, e da Madri imperial saiu a ordem de que nos calássemos."

"A Fidel Castro e a mim, eles agüentavam. Mas agora chegou Evo Morales, Daniel Ortega, Lula", acrescentou. "Ele estava cansado de ouvir a todos. O cale-se foi para todos nós." "Nós não somos seus súditos, se é que ele ainda nos vê assim", completou.

O incidente entre o rei espanhol e Chávez ocorreu depois que o líder venezuelano chamou o ex-primeiro-ministro espanhol José María Aznar de "fascista". "Fascistas não são humanos. Cobras são mais humanas", teria dito Chávez sobre Aznar, que durante sua gestão foi um forte aliado dos Estados Unidos.

O atual primeiro-ministro espanhol, o socialista Jose Luis Rodríguez Zapatero, saiu em defesa de Aznar dizendo que ele havia sido eleito "democraticamente pelo povo e foi um representante legítimo do povo espanhol".

Chávez tentou interromper Zapatero diversas vezes, apesar de estar com o microfone desligado. Ao assistir à cena, o rei dirigiu-se a Chávez e disse: "Por que não te calas?". Nesta terça-feira, o presidente venezuelano disse não ter entendido a reação de Zapatero.

"Acho que nem o povo espanhol entendeu", afirmou Chávez. "Zapatero defendendo Aznar com uma tese débil, insustentável. O fato de que o elegeram lhe dá o direito de ofender governos e povos?" Sobre uma suposta crise diplomática e a saída de empresas espanholas do país, Chávez disse que "não é imprescindível o investimento espanhol". "A Venezuela se respeita, e o chefe de Estado venezuelano fará respeitar esse país", concluiu.


Fonte

E da-lhe chavez.